Recado dos peemedebistas foi repassado a Múcio e Dilma: presidente da estatal sai da função ou mantém na empresa os indicados do partido
Detentor das maiores bancadas da Câmara e do Senado, o PMDB quer a demissão do presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio da Silva. Ou, pelo menos, que ele assuma o compromisso de manter em cargos da estatal pessoas indicadas por integrantes do partido. O recado foi transmitido na quarta-feira aos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Foi acompanhado de uma ameaça: se o pedido da legenda não for atendido, senadores peemedebistas assinarão o requerimento de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) destinada a investigar obras sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O requerimento vagueia pelos corredores do Senado há mais de ano.
O PMDB está indignado com o brigadeiro porque, sob a batuta dele, a Infraero resolveu modernizar sua gestão. Deu-se por meio da aprovação de um novo estatuto, que tenta blindar a empresa de indicações políticas. O novo texto reduziu de 100 para 12 os cargos comissionados ou de livre provimento. Além disso, estabeleceu que quatro das cinco diretorias serão ocupadas necessariamente por funcionários de carreira com pelo menos 10 anos de experiência. As mudanças não eram um problema político enquanto provocavam a demissão de afilhados de peemedebistas do baixo clero. Mas se tornaram motivo de preocupação no governo depois que atingiram aliados dos líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Jucá considerou um sinal de desprestígio o anúncio da demissão de seu irmão Olavo da Superintendência da Infraero em Pernambuco. Para piorar a situação, outros partidos aliados decidiram fazer coro ao PMDB. Em conversas com Múcio, reclamaram da “falta de interlocução” com o Palácio do Planalto. Leia-se: da demora para o atendimento de pleitos, como cargos e liberação de emendas. Múcio apresentará o quadro de conflagração ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início da próxima semana. Cogita fazê-lo na segunda-feira, durante a reunião da coordenação política. O ministro também está na mira dos senadores. Petistas acusam-no de não ter capacidade para negociar com o Senado. Querem o posto dele.
Reserva
Integrantes de outras siglas falam que Múcio age de forma burocrática intencionalmente, a fim de incentivar a operação petista e, assim, ser deslocado para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). O ministro nega as duas versões. Para auxiliares do presidente, o problema relacionado à Infraero é sério e de difícil solução. Eles não veem no horizonte a possibilidade de demissão do brigadeiro. E afirmam que o mais provável é esperar pela saída dele da presidência da estatal. Nicácio pretende deixá-la em julho. Se não fizer isso, será passado de forma compulsória para a reserva e não terá condições de suceder o brigadeiro Juniti Saito no comando da aeronáutica.
Um ministro aposta na troca na chefia da estatal como forma de solucionar o problema. O sucessor, alega ele, assumiria ciente da necessidade de combinar a profissionalização da gestão com o tempero político. “O brigadeiro promoveu uma mudança radical demais. Tem de haver uma transição.”
Fonte: Correio Braziliense
Um comentário:
Encaminho manifestação da Associação Nacional de Empregados da INFRAERO - ANEI, consignando que o Estatuto da INFRAERO teve e tem o apoio de seus empregados e as demissões decorrentes da limitação em seu quadro de pessoal de indicados por políticos, também, tem nosso apoio, uma vez que a INFRAERO sendo uma empresa técnica, não pode ficar a mercê desse tipo de interesses.
Se não fosse trágico poderia até ser engraçado alguns políticos reclamando das demissões de seus afilhados da INFRAERO. Desde 2003 o fenômeno dos “jabutis” apareceu na empresa. Varias caras novas, sorridentes, exibindo “botons” com símbolo da INFRAERO na lapela e fisionomia de vitória e alguns deles com a arrogância e empáfia típica dos ignorantes, tentavam olhar os empregados de carreira de cima para baixo, mesmo quando tinham estatura menor. A pose era cômica.
Em sua maioria, os indicados (ou Jabutis) não faziam absolutamente nada de produtivo para a empresa por total falta de conhecimento da atividade de aviação; outros com o mesmo desconhecimento, assumiram posições de destaque e ficavam iguais a papagaio de pirata sobre os ombros de empregados de carreira, ditando instruções, apontando caminhos e dando ordens com ameaças veladas, caso não fossem atendidos causando situações de grande desconforto a quem precisava do emprego.
Por outro lado, a INFRAERO está sob ameaça real e imediata de se tornar uma grande e falida autarquia, cuidando de aeroportos deficitários, com a decisão do Governo Federal em passar para a iniciativa privada mediante concessão, os aeroportos lucrativos. Esse crime de lesa pátria já está praticamente executado pela SAC/ANAC, do Ministério da Defesa e não ouvimos qualquer Político padrinho de “jabuti” da INFRAERO sair em defesa da segunda maior empresa operadora de aeroportos do mundo.
Para reclamar da demissão de parasitas, os Políticos gritam a plenos pulmões, mas para reclamar de uma modelagem de concessão que não permite sequer a participação da INFRAERO na concorrência onde grande parte dos interessados está consorciada com empresas estatais estrangeiras, estão calados e fingindo que não sabem de nada.
O modelo desenhado pela SAC, com consultoria da ANAC, IPEA, FGV e BNDES, prevê que a empresa privada concessionária dos aeroportos lucrativos arrecade as tarifas aeroportuárias, recolha ao governo um determinado valor a título de outorga e esse valor será repassado à INFRAERO para que continue operando os aeroportos deficitários.
Os caríssimos investimentos na Infra-estrutura dos Aeroportos serão feitos pelo Governo Federal ao contrário de hoje, onde a INFRAERO reinveste o que arrecada.
Com esse modelo, não há qualquer garantia de que os recursos que entrarem nos cofres da União saiam direto para onde sejam necessários; não sejam contigenciados e não sejam utilizados em outros programas do Governo, como aconteceu com a CPMF.
Como não podem faltar recursos de custeio e de investimentos para que um aeroporto opere de forma segura, há uma grande chance de que a INFRAERO em futuro próximo venha disputar recursos orçamentários para custeio e investimento de aeroportos com as áreas de saúde, educação,saneamento, etc., da União, Estados e Municípios. Os recursos certamente irão para a INFRAERO, por influência desses mesmos Políticos que estão deixando passar esse crime contra o País, enquanto reclamam a demissão de seus afilhados, que não estudaram para fazer os concursos realizados pela INFRAERO e nem querem estudar para o próximo.
Carlos Guapindaia
Presidente da ANEI
61-9970.0753
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