20.8.09

Embraer terá de mudar foco na China, diz governo

Para embaixador do Brasil na China, empresa terá de fabricar modelos maiores no país para ganhar mercado

Se quiser manter sua operação em Harbin, no norte da China, a Embraer terá de fabricar novos modelos de aviões na unidade chinesa, avalia o governo brasileiro. A empresa enfrenta problemas no país asiático, como cancelamento de pedidos e restrições para obter licenças de importação, e já estuda até fechar as portas da fábrica.

"Com esse modelo de avião, a fábrica não tem futuro. É um modelo que não tem mercado. Está ultrapassado", disse ao Estado o embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney. "A Embraer sabe disso. Mas essa é uma decisão da empresa", completou. Procurada, a Embraer não se pronunciou até o fechamento desta edição.

A Embraer produz em Harbin os aviões do modelo ERJ 145, em parceria com sua sócia, a China Aviation Industry Corporation (Avic). As duas empresas investiram US$ 25 milhões no negócio. A empresa brasileira possui 51% da joint venture. Pelos contratos em vigor, a Embraer tem serviço para manter a unidade funcionando até a metade de 2011. A avaliação da empresa é que, se não surgirem novos pedidos, não faz sentido seguir montando aviões na China.

Para o embaixador, o ERJ 145, com 50 lugares, é um avião pequeno, enquanto outras companhias já fabricam aeronaves maiores na China. No fim de junho, a Airbus entregou o primeiro A320 montado no país asiático, na cidade de Tianjian, próxima a Pequim. É uma parceria da companhia americana com a Avic e com a Tianjian Free Trade Zone.

A Commercial Aircraft Corporation of China (CACC), uma estatal chinesa que funciona como um braço da Avic, também se prepara para colocar no mercado o ARJ 21, um avião desenvolvido em parceria tecnológica com a canadense Bombardier, rival da Embraer.

Segundo fontes do setor privado, os chineses estão pressionando a companhia brasileira para produzir em Harbin aviões da família Embraer 170/190, que possuem entre 70 e 122 lugares. Mas a hipótese é descartada pela empresa, que prefere fabricar essas aeronaves no Brasil e exportar para a China.

LICENÇAS

A crise prejudicou as entregas dos aviões Embraer 170/190 já vendidos na China. Das 50 unidades previstas pela empresa, foram exportadas apenas sete, porque o governo chinês não liberou as licenças de importação. Em sua visita a China, em maio deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou resolver o problema, mas não conseguiu. As encomendas do ERJ 145, feitos em Harbin, também foram cortadas pela metade, para 25 aeronaves.

Para Hugueney, os aviões da Embraer são competitivos e a empresa pode seguir no mercado chinês, exportando do Brasil, mas enfrentará problemas. "O mercado na China é muito controlado. Ao deixar de produzir aqui, a empresa perde os benefícios dados pelo Estado e concorre com outras empresas que estão no país."

Fonte: Estado de SP

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