A TAP, SA, que tem as actividades de transporte aéreo de passageiros e carga, bem como a manutenção em Lisboa, reduziu em 2009 os custos de exploração por unidade de transporte (ASK = lugares x quilómetros) colocada no mercado em 16,5%, o que lhe permitiu absorver uma queda da receita unitária de 3% e apresentar o maior valor de lucros de sempre, no montante de 57 milhões de euros.
Os indicadores do exercício de 2009 divulgados hoje pelo presidente da Administração e CEO, Fernando Pinto, e pelo administrador com o pelouro financeiro (CFO), Michael Conolly, mostram que o principal factor a baixar custos foi o combustível de aviões, cuja factura caiu 48,9% ou 344 milhões de euros, com 294 milhões a resultarem da descida do preço face ao ano de 2008, em que o fuel atingiu preços recorde, e 50 milhões pelas acções de contenção adoptadas pela companhia, designadamente a redução de voos, que levou a que tivesse uma oferta 5,9% inferior à de 2008. Desta forma, por unidade de transporte colocada no mercado, a TAP gastou menos 45,7% em 2009 do que em 2008, passando de 2,15 cêntimos do euro para 1,17 cêntimos.
Idêntica tendência verificou-se nos custos com fornecimentos de serviços de terceiros, que baixaram 10,1%, para 900 milhões de euros, o que por ASK significou uma redução de 4,5%, de 3,06 cêntimos para 2,92 cêntimos.
A excepção a esta tendência foi o pessoal, em que a redução do custo foi de 1,2%, para 403 milhões de euros, o que leva a que por ASK tenha havido um incremento em 5%, de 1,25 cêntimos para 1,31 cêntimos.
A TAP, que apresentou para 2009 uma redução dos custos totais de exploração de 21,4% ou 452 milhões, para 1.661 milhões, quando se avalia em função da capacidade colocada no mercado teve uma redução do custo de exploração por cada lugar x quilómetro colocado no mercado de 16,5%, de 6,46 cêntimos para 5,40 cêntimos.
Além deste decréscimo do custo da operação, o resultado da TAP, que em 2008 tivera um prejuízo de 209 milhões de euros, passa a 57 milhões positivos em 2009 porque sem escapar à tendência geral da aviação de queda dos proveitos, teve decréscimos da receita inferiores à redução dos custos.
Os dados divulgados hoje mostram que a queda dos proveitos operacionais foi de 11%, para 1.923 milhões de euros, com quedas de 8,7% nas receitas de passagens, para 1.648 milhões, de 25,9% no transporte de carga e correio, para 86 milhões, de 30,2% nos serviços de manutenção a outras companhias aéreas, para 97 milhões, e de 6,1% nos outros proveitos, para 93 milhões.
Estes dados mostram que a queda dos proveitos de exploração por lugar x quilómetro colocado no mercado ficou em 5,4%, para 6,25 cêntimos do euro, para o que contou essencialmente a evolução do transporte aéreo de passageiros.
A receita unitária (receitas de passagens por ASK) da TAP baixou no ano passado 3%, para 5,35 cêntimos do euro, por uma queda do yield (preço médio pago por cada passageiro x quilómetro transportado) em 5,1%, para 7,82, que foi parcialmente compensada pela subida da taxa de ocupação dos voos em 1,49 pontos ou 2,2%, para 68,5%.
A mesma tendência de redução dos custos de forma mais acentuada que a queda das receitas encontra-se quando se calcula a tarifa média da TAP (receitas de passagens por total de passageiros), que no ano passado foi de 195,28 euros, menos 5,5% que em 2008, enquanto a redução de custos de exploração por passageiro transportado foi de 18,6%, para 196,82 euros.
Esta evolução teve como reflexo um aumento do EBITDAR (resultados antes de juros, impostos, amortizações e provisões) de 445,8% ou 214 milhões, para 262 milhões, o que leva a que tenha passado de uma margem EBITDAR de 2,22% em 2008 para 13,62% no ano passado.
Os resultados operacionais, que tinham sido negativos em 156 milhões de euros em 2008, elevaram-se no ano passado a 65 milhões, o que representa uma recuperação de 221 milhões, e que a TAP saiu de margem operacional negativa (-9,67%) para positiva (+2,96%).
A margem líquida teve a mesma evolução, ao passar de –9,67% em 2008 para 2,96% em 2009.
Já a TAP SGPS, holding que reúne outras empresas além da TAP, SA, entre elas a Groundforce (handling), Manutenção e Engenharia (M&E) no Brasil e Portugália (PGA), embora recuperando 282 milhões de euros, não saiu ainda do “vermelho” em 2009, tendo apresentado um prejuízo de 3,5 milhões.
Este prejuízo, porém, incorpora a contabilização de uma “perda futura” de 31,6 milhões pela compra das acções da Groundforce que eram detidas pela Globália, descrito por Michael Conolly como um “ajuste contabilístico da perda de valor das acções” da empresa de handling, uma vez que “não se prevê a curto prazo que tenha resultados positivos”.
Além da contabilização dessa perda não recorrente, os resultados da TAP SGPS foram ainda influenciados negativamente pelas perdas nas outras empresas participadas, embora também tenham reduzido no ano passado os prejuízos em relação a 2008.
A Groundforce perdeu no ano passado 29,6 milhões de euros (-19,6% que em 2008), a M&E Brasil perdeu 3,2 milhões (-89%) e a PGA perdeu 3,5 milhões (-2,8%).
No caso da PGA, como referiram Fernando Pinto e Michael Conoly, há a considerar, porém, que a ex-companhia do GES teve uma contribuição positiva para o resultado da TAP de 30 milhões de euros em 2009 (50 milhões em 2008).
Fonte: Presstur
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