Na terça-feira passada tive a oportunidade de voar para São Paulo no A319 da TAM que a companhia retrofitou dentro do projeto de memória que envolve, ainda a reinauguração do belo museu aeronáutico de São Carlos, que tive o prazer de conhecer. O jato ganhou a pintura original, dos anos 70, com a inscrição Táxi Aéreo Marília na lateral da fuselagem predominantemente branca, com detalhes horizontais em vermelho. O azul só ganhou mais espaço em uma reformulação, já nos anos 90 – e que será vista noutro A319.
Mais do que a aparência externa, a preocupação em recriar todo o ambiente interno também chamou a atenção. Assim que se entra na aeronave, observa-se que a padronagem do piso é diferente e, sobretudo, que o uniforme tradicional das comissárias, com blusas brancas colantes, deu lugar a um paletó azul e um charmoso lenço no pescoço. Até a revista de bordo mereceu um tratamento retrô, com a diagramação e detalhes em preto e branco para adequação histórica. Aliás, recomendo a leitura desse número, especialmente com a matéria sobre o museu. Fiquei muito feliz ao descobrir, por exemplo, que a réplica do 14Bis que havia lá foi trocada por um Junkers Ju52, aquele transporte clássico alemão trimotor da II Guerra. Só tinha visto um igual no parque instalado no aeroporto de Munique.
O mais legal desse case, no entanto, é o filme com as regras de segurança. Nas imagens, os passageiros estão vestidos e caracterizados como nos anos 70 – há, inclusive, um negão que parece saído daqueles policiais da época do Blaxploitation, tipo Shaft. Quando se fala que é preciso desligar todos os celulares, uma loura bem perua tira um daqueles tijolões enormes, até com antena, e começa a falar. Os aparelhos musicais, os iPod de hoje, também são representados por um headphone enorme, daqueles com a concha de plástico branca. A narração ajuda, imitando o sujeito que falava nos documentários do Jean Manzon sobre os feitos do regime militar. É impossível deixar de dar uma gargalhada, no entanto, quando o locutor avisa que os notebooks devem ser desligados para a decolagem e a cena mostra um passageiro batendo em uma máquina de escrever... ou quando acrescenta que também “celulares com bluetooth” não podem ficar ligados: o olhar surpreso do ator é impagável.
O nível de detalhe chegou até ao serviço. O café da manhã veio em uma lancheira quadrada como a que era distribuída. A diferença é só que a dos anos 70 vinha mais recheada.
Fonte: JB Slot (texto de Marcelo Ambrosio)
Um comentário:
Adorei o seu relato do vintage. Quando tive a oportunidade de voar numa das aeronaves padronizadas pro Vintage, eu parecia uma retardada rindo sozinha do video de segurança caracterizado.
Enquanto quase ninguém dava bola pro que estava sendo exibido nos monitores eu estava me divertindo muito!!!
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