Os vizinhos dos bairros em torno de Congonhas, e na rota 02 de aproximação do Santos Dumont - que passa sobre os bairros de Santa Teresa, Urca e Laranjeiras - podem ler esta coluna como um certo alento com respeito ao ruído constante sobre suas cabeças. No caso do aeroporto do Rio, a terminal é a mais bonita, já que faz uma curva aberta ao lado do Corcovado, por sobre a enseada da Urca, antes de ficar com a proa alinhada com a pista. Há uma batalha judicial em andamento no sentido de proibir o uso dessa rota antes de um determinado horário, mas as autoridades aeronáuticas tendem a apoiar o pleito das empresas aéreas, já que a aproximação pela cabeceira 20 requer uma passagem alta sobre a pista, depois uma rampa em estágios contornando um pilão de marcação instalado na Ponte Rio-Niterói. Isso faz com que a operação do pouso demande um gasto maior de energia.
Quem observou imagens do lançamento do novo Boeing 747-8 deve ter notado que as extremidades das turbinas e dos fans por onde o ar que passou pela turbina é expelido estão agora recortadas como as bandeirinhas dos quadros de Volpi. Essa é a grande sacada: embora pareça uma medida simples, a adoção dos chamados “chevrons” exigiu anos de pesquisas até se chegar a um ponto ideal no qual a superfície com as pontas funcionasse efetivamente como um poderoso redutor de ruído. O princípio ali é simples: evitar que a passagem do ar aquecido que é expelido pela turbina - gerando portanto turbulência - continue com tal característica. As pontas fazem com que essa mesma turbulência seja dissipada antes mesmo de chegar ao exterior da nacele do propulsor.
Os engenheiros e pesquisadores que se debruçaram sobre o assunto gastaram muito tempo até achar o ângulo correto e a quantidade de recortes necessários para uma redução. Em certos casos, as mexidas começavam na base da tentativa e erro e, não raro, recortes mais pronunciados acabaram representando um aumento do ruído e não uma redução. As dificuldades no processo, inclusive de fabricação das ferramentas capazes de produzir os sulcos corretamente, foram superadas com o uso de métodos diferentes de análise, como feixes de luz, lasers e fotografias em alta velocidade - tudo dentro dos túneis de vento. O objetivo, agora que os “chevrons” já estão sendo utilizados nos novos propulsores, é trabalhar no sentido de reduzir, também, o consumo de combustível. O meio-ambiente, e os vizinhos de aeroportos (entre os quais me incluo tanto no Rio quanto em São Paulo) agradecem
Fonte: Slot - Blog
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