12.12.12

Crise sem solução


Após um longo e tenebroso inverno, quando não se falou em aviação comercial brasileira nas reuniões do Conselho de Turismo da Confederação Nacional de Comércio, Serviços e Turismo, voltou-se dia 05/12, a discutir o assunto num momento bastante oportuno em razão da grave crise por que passa o setor.

O palestrante foi Eduardo Sanovicz, presidente da recém criada Abear- Associação Brasileira das Empresas Aéreas, que nunca trabalhou para empresas aéreas antes, mas é pessoa profundamente ligada ao turismo, tendo sido Ministro do Turismo.

Sanovicz fez apresentação acadêmica do setor, citando cenários antes e depois do ano 2002, mostrando amplo quadro de estatísticas, com indicadores econômicos e dados estatísticos da indústria, citando as variações ocorridas durante o período, com total ênfase no mercado doméstico. Não citou as variações negativas ocorridas no transporte internacional, onde, a nosso ver, se registram as maiores perdas depois do fechamento da Varig. Por isso, citou a variação cambial com um dos agravantes do custo doméstico, mas não considerou que, nas vendas internacionais, a variação cambial atua como hedge para compensar os custos totais da operação das empresas.

Sanovicz demonstrou preocupações com a economia do setor, mas não apresentou sugestões convincentes para solução dos graves problemas imediatos, preferindo citar a distante utilização do biodiesel e a lenta melhoria da infraestrutura dos principais aeroportos nacionais como fatores que poderiam alavancar os resultados das empresas. Não mostrou nem citou os resultados das empresas para este ano, cujas previsões somente das líderes – Tam e Gol – chegarão a tres bilhões de reais nos últimos dois anos.

Por tudo isso, ficou um vazio na cabeça dos conselheiros presentes, que esperam, no futuro, a presença de novos debatedores do setor que possam apresentar melhores soluções para o grave problema, como declarou o conselheiro Gerard Bourgeaiseau: “Um país continental e sexta economia do planeta não deve prescindir de ter sua própria empresa no cenário internacional”.

Ainda, na reunião de ontem, ouvimos uma interessante intervenção do conselheiro Cláudio Magnavita, que registrou a perda da última empresa carioca, com o fechamento intempestivo da Webjet, vítima de recente aquisição pelo Gol, demitindo 850 funcionários às vésperas das festas natalinas, impactando inclusive a economia da cidade. Sanovicz, em resposta, considerou-se incompetente para falar do assunto, “Foi uma decisão “individual” de uma das associadas”, afirmou o presidente da Abear.

A colocação de Magnavita nos remete a outros fechamentos de empresas cariocas, a saber, a Panair do Brasil, na década de 1960, da Cruzeiro do Sul, em 1990, da Rio Sul, em 2002, e, por que não citar, a Varig em 2006, pois esta empresa, embora de origem gaúcha, era carioca por adoção. Constatamos, assim, que as empresas cariocas são mais sensíveis à forma inconseqüente como estão sendo administrados por esse governo os destinos da aviação comercial brasileira.

Fonte: Jornal de Turismo

Um comentário:

Anônimo disse...

Cabe lembrar que quem fechou a Rio Sul foi a própria Varig, e quem fechou a Varig foram seus próprios funcionários do conselho.