O consórcio se compromete a aportar entre
R$ 150 milhões e R$ 400 milhões no aeroporto
A Zurich Airport e a gestora brasileira IG4
Capital protocolaram ontem uma proposta de capitalização para ter o controle do
Aeroporto de Viracopos – em recuperação judicial desde maio. No documento, ao
qual o Estado teve acesso, o consórcio formado pelas duas empresas se
compromete a aportar entre R$ 150 milhões e R$ 400 milhões no aeroporto, que
enfrenta um processo de extinção da concessão.
A proposta prevê a conversão das dívidas de
Viracopos em participação acionária. Ou seja, os credores passariam a ser
cotistas de um fundo de investimento em participações (FIP), que seria gerido
pela IG4. O mesmo ocorreria com os atuais controladores do aeroporto (Triunfo
Participações e Investimentos e UTC), que converteriam suas ações em cotas
desse fundo, que é sócio do aeroporto.
A capitalização, no entanto, depende de um
processo de due diligencie para levantar a real situação da concessionária que
administra o aeroporto. Apenas depois dessa auditoria seria possível avaliar
qual o montante necessário para o aporte de recursos. Nesse processo, os atuais
acionistas poderiam acompanhar o aumento de capital ou diluir sua participação
no aeroporto. Nas duas opções, entretanto, eles não participariam da governança
da empresa.
O modelo proposto para Viracopos é igual ao
usado na recuperação da CAB Ambiental – empresa de saneamento básico que era
controlada pela Galvão Engenharia. Credores, como Bradesco e Votorantim,
aceitaram converter a dívida que tinham a receber em participação acionária de
um fundo, que passou a ser sócio da Iguá Saneamento. O antigo controlador
também tem cotas desse fundo.
No caso de Viracopos, o que muda é a
dimensão do negócio, bem maior que o no caso da CAB Ambiental. Além disso, o
maior credor do aeroporto é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) junto com Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. Desde o início do
ano, quando IG4 e Zurich demonstração interesse por Viracopos, várias conversas
já foram feitas com o governo e credores.
A proposta atual depende, da realização do
due diligencie. Apenas depois disso é que as negociações de fato ocorreriam com
credores, acionistas e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que tem um
processo de caducidade aberto contra o aeroporto, que está inadimplente com a
União. A empresa tem uma dívida de R$ 2,9 bilhões, sendo 93% em empréstimos e
financiamentos, mais R$ 211 milhões de outorgas em atraso.
Procurada, a concessionária que administra
o aeroporto, afirmou que as “condições apresentadas na Carta de Intenções serão
avaliadas pela empresa e seus acionistas, em conjunto com os assessores
jurídicos e financeiros, não havendo no momento nenhum posicionamento sobre o
tema”. Destacou ainda que para aceitar a proposta, “deverá haver consentimento
dos acionistas e credores, dentre os quais os bancos financiadores e a ANAC,
dentro do processo de recuperação judicial”. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
https://exame.abril.com.br/negocios/grupo-faz-proposta-para-ter-controle-de-viracopos/
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