5.8.08

Setor aéreo deve perder US$ 6,8 bi

Previsões da Iata para o ano de 2008 refletem o impacto da alta do petróleo no preço das passagens

O desaquecimento da economia mundial reduziu o crescimento de passageiros na aviação civil, entre junho de 2007 e junho de 2008, ao menor nível dos últimos cinco anos. O setor aéreo já prevê prejuízo de US$ 6,8 bilhões em 2008, anulando os ganhos de US$ 5,6 bilhões registrados em 2007. A estimativa foi divulgada ontem pela Associação Internacional do Transporte aéreo (Iata, na sigla em inglês).

O crescimento no número de passageiros, de 3,8% no período, só não foi o menor do que o de 2003, quando uma pneumonia atípica (SARS) assolou a Ásia. O crescimento médio de passageiros até 2007 tem sido de 5,4%. A situação mais grave é mesmo nos Estados Unidos, epicentro da desaceleração econômica mundial. O tráfego interno no país caiu 4%. Na Europa, o crescimento de 4,1% registrado até o início do ano foi reduzido para apenas 2,1%. A Iata alerta que a taxa pode cair mais nos próximos meses.

Até mesmo o Oriente Médio, onde o petróleo dá novo impulso às economias, nota uma queda no crescimento do setor. Em julho de 2007, o número de passageiros crescia a 18%. Em junho deste ano, a taxa foi 9,6%.

Uma alta foi registrada na América Latina. O número de passageiros em junho foi 12,5% maior que na mesma época em 2007. A taxa foi a mais alta em todo o mundo, segundo a Iata, por causa do crescimento da economia da região, que se beneficia da alta no preço das commodities. Mas no setor de cargas a região apresentou a maior queda: 12%. Nesse caso, a Iata sugere que a redução é resultado da reestruturação do setor.

No geral, a queda no número de passageiros tende a agravar ainda mais a situação das empresas. Para o diretor-geral da Iata, Giovanni Bisignani, o setor tem “sérios problemas”.

VALOR DE MERCADO

Dados da consultoria brasileira Economática confirmam que, entre as companhias dos Estados Unidos e da América do Sul listadas em bolsa, já foi contabilizada a perda de US$ 11 bilhões em valor de mercado este ano, até 31 de julho. Os números refletem principalmente o impacto da alta do preço do barril de petróleo, segundo especialistas. Das 11 empresas pesquisadas, apenas duas tiveram valorização: as americanas Southwest, com mais US$ 2,4 bilhões, e a JetBlue, que teve ganho de US$ 362 milhões.

Os dados da Economática apontam que o valor de mercado do grupo chileno Lan, mais as brasileiras Gol e TAM acumulam perda de US$ 4,3 bilhões, em comparação a dezembro de 2007. O maior recuo foi da Gol, com US$ 2,9 bilhões, seguida pela Lan, com US$ 800 milhões e TAM, com menos US$ 553 milhões.

“No Brasil, as perdas foram motivadas, principalmente, pelo petróleo. E a Gol ainda sofre com a incorporação da Varig”, diz o consultor André Castellini, da Bain & Company. “Pouca gente falou sobre isso, mas as companhias aéreas tiveram de se desdobrar com o caos aéreo. Isso é ruim para o acionista”, diz o professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Respício Espírito Santo Jr.

Fonte: Estado de SP

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