A intenção da TAM em comprar a Trip coloca em xeque a existência de outra empresa recém adquirida pela TAM, a Pantanal. A companhia operava rotas regionais a partir do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando foi vendida para a TAM, em dezembro de 2009. A TAM afirma que a aquisição da Trip não impactará na sua estratégia para a Pantanal, já que são empresas independentes. Mas, especialistas dizem que esperam que a TAM incorpore os voos da Pantanal às suas rotas e acabe com a marca.
A TAM deve apostar na Trip e não na Pantanal como seu braço de aviação regional, afirmam Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação, e Respicio do Espírito Santo, professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A razão disso é que a aquisição da Trip se deve ao interesse da TAM no segmento regional, mas, no caso da Pantanal, sua posição no aeroporto de Congonhas foi o que pesou mais para a compra.
“A compra da Pantanal foi uma defesa, para evitar que concorrentes ganhassem espaço em Congonhas”, diz Espírito Santo. “A TAM está apenas fazendo cerimônia com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mas uma hora vai acabar com a Pantanal”, acrescenta Sampaio. A TAM, no entanto, nega que os planos de expansão para a Pantanal serão alterados. “A Pantanal permanece como a companhia que conecta cidades de média densidade aos grandes centros urbanos”, disse a empresa, em nota.
A aquisição da Pantanal foi negociada em meio ao processo de recuperação judicial da companhia. A empresa chegou a perder 355 slots (horários de pousos e decolagens) no aeroporto de Congonhas por descumprir recomendações da Anac sobre cancelamentos de voos. Se falisse, os outros 133 slots da companhia, a maioria deles em horário nobre, seriam distribuídos entre as empresas aéreas. Depois de TAM e Gol, a Pantanal é a companhia com mais posições no aeroporto de Congonhas, o mais rentável do Brasil.
A TAM comprou a companhia por R$ 13 milhões e assumiu uma dívida R$ 73 milhões. Logo que assumiu a gestão, reformulou a malha da Pantanal. Apenas um dos seis destinos regionais continuou a ser operado de Congonhas e todos os outros foram transferidos para o aeroporto de Guarulhos. A TAM incorporou aeronaves da Airbus para voar pela Pantanal a partir de Congonhas para capitais como Rio, Curitiba e Brasília. O processo de reformulação da Pantanal anunciado pela TAM inclui a aquisição de jatos com capacidade para acomodar entre 100 e 150 passageiros.
Até o momento, a TAM não definiu que aeronaves vão compor a nova frota da Pantanal e as encomendas dos jatos não foram feitas. Em comunicado, a empresa disse que continua a avaliar a aquisição de aeronaves para a empresa e que a compra da Trip não influenciará no negócio.
Fonte: Portal iG
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