por Rodrigo Purisch (8 de Julho de 2011)
Nada contra a Gol especificamente e nada a favor da Webjet, mas ver a Gol e Webjet sobre o mesmo teto de um lado e do outro Tam e Trip leva por água a abaixo todo o processo de concorrência no mercado nacional.
A Gol comprou a Varig para retirar um concorrente do mercado. Negou, mas a marca Varig anda esquecida pela empresa esperando o consumidor saudosista esquecer também.
A Tam comprou a Pantanal falando em reforçar aviação regional e a Pantanal vai parar de voar regionalmente e é claro, a marca vai ser esquecida no futuro. O negócio valeu pelos slots a mais em Congonhas.
A Tam está em entendimento para compra de uma boa fatia da Trip. Uma cia aérea regional que tem boas opções de vôos e que ajuda contrabalançar a presença da Gol e Tam em alguns mercados e serve outros mercados esquecidos pelas duas poderosas. Será que a Trip no futuro vai seguir a mesma sina da Pantanal?
Gol compra uma cia aérea que hoje a enfrenta em preço e que assim ajuda a regular o mercado. Sem ela, o controle do mercado é muito mais fácil pelas grandes.
A Azul, que já foi mais agressiva e também é candidata a ser adquirida no futuro (todas as cias nacionais estão à venda), sozinha não consegue fazer uma concorrência eficiente e deve estar se preparando para a ofensiva Tam/Trip no seu mercado.
A Avianca, por melhor que seja sua atual proposta, cresce lentamente tentando consolidar seu espaço e não tem poder de enfrentar as duas grandes.
No momento em que devemos reduzir a concentração de vôos nas mãos de poucos, criando um ambiente que permita a concorrência que gera melhor eficiência e regulação de preços, vemos o contrário ocorrer.
Já vimos o impacto nacional gerado no passado por problemas pontuais (proibição de vôos por manutenções vencidas ou greves de funcionários, por exemplo) nas operações da Gol e da Tam. Já vimos como o Brasil sofreu com os problemas da Varig, antiga dona do pedaço. A concentração, no Brasil, demonstrou o quanto ela coloca o sistema em risco.
É claro que as operações das cias aéreas nacionais devem ser lucrativas e que talvez algumas delas estejam mais à venda do que outras porque tem tido dificuldade em realizar os lucros esperados, mas eu me nego a acreditar que o mercado de aviação no Brasil não seja lucrativo.
Se o capital nacional não tem expertise para gerenciar mais cias aéreas, chegou o momento de abrir esse mercado ao capital estrangeiro que traga idéias e propostas novas. Não perderemos a soberania dos ares por causa disso.
No caso Gol/Webjet não dá nem para justificar que vão aumentar o uso de produtos brasileiros, como está sendo justificada essa vergonhosa proposta de concentração no setor de supermercados, já que nenhuma faz uso de jatos da Embraer…
A concentração hoje só favorece a poucos empresários e a políticos que mantém relações espúrias com eles. A nós consumidores resta apenas rezar para que o CADE analise a situação sem interferência econômica ou política.
Fonte: Aquela Passagem
2 comentários:
Infelizmente o mercado está cada vez mais complicado pras empresas menores. No fim, o consumidor acaba arcando com os custos por causa da falta de competição.
Aproveitando a oportunidade, convido para que você visite o nosso site em www.TheCockpitSeat.com e também seja nosso fã no Facebook e Twitter para acompanhar nosso blog.
Abraços!
E os salário dos funcionários ,com isso,tendem a ser cada vez mais baixos , colaborando para isso , o número insignificante de empresas.É a canibalização da Aviação,já vimos isso antes . A Cruzeiro e seu pessoal, conhecem muito bem esse sistema insidioso , sutil , rasteiro , a VARIG utilizou esse processo com ela, e acabou vítima da mesma arma.PS: quem conheceu e viveu a PANAIR, sabe do que estou falando.
Postar um comentário